quarta-feira, 27 de junho de 2012

A roupa nova do rei, de Hans Christian Andersen


Hans Christian Andersen nasceu em 2 de abril de 1805 na Dinamarca. Filho de sapateiro, mal teve condições de frequentar a escola e completar seus estudos. Faleceu aos 70 anos em Copenhagen.
Em 1835 publicou seu primeiro romance, sendo também dessa época algumas histórias que se tornaram mundialmente famosas, como O patinho feio, O soldadinho de chumbo e A pequena sereia.
Devido à sua contribuição para a literatura infanto-juvenil, a data do nascimento do autor, 2 de abril, é hoje o Dia Internacional do Livro Infantil.
The Emperor’s new clothes (A roupa nova do rei) foi parodiado em filmes, peças teatrais e canções inúmeras vezes.
O mesmo título é dado a uma canção gravada por Sinnead O’Connor em 1990, sendo a mensagem da música muito semelhante à ideia central do conto de Andersen.

Adaptado de Keep in mind, 7º ano, língua estrangeira moderna (inglês): Elizabeth Young Chin, Maria Lúcia Zaorob, São Paulo, Scipione, 2009.

O site abaixo traz 12 contos de Andersen. Visitem o site e ótima leitura!

"Era uma vez um rei, tão exageradamente amigo de roupas novas, que nelas gastava todo o seu dinheiro. Ele não se preocupava com seus soldados, com o teatro ou com os passeios pela floresta, a não ser para exibir roupas novas. Para cada hora do dia, tinha uma roupa diferente. Em vez de o povo dizer, como de costume, com relação a outro rei: "Ele está em seu gabinete de trabalho", dizia "Ele está no seu quarto de vestir".
A vida era muito divertida na cidade onde ele vivia. Um dia, chegaram hóspedes estrangeiros ao palácio. Entre eles havia dois trapaceiros. Apresentaram-se como tecelões e gabavam-se de fabricar os mais lindos tecidos do mundo. Não só os padrões e as cores eram fora do comum, como, também as fazendas tinham a especialidade de parecer invisíveis às pessoas destituídas de inteligência, ou àquelas que não estavam aptas para os cargos que ocupavam.
"Essas fazendas devem ser esplêndidas, pensou o rei. Usando-as poderei descobrir quais os homens, no meu reino, que não estão em condições de ocupar seus postos, e poderei substituí-los pelos mais capazes... Ordenarei, então, que fabriquem certa quantidade deste tecido para mim."
Pagou aos dois tecelões uma grande quantia, adiantadamente, para que logo começassem a trabalhar. Eles trouxeram dois teares nos quais fingiram tecer, mas nada havia em suas lançadeiras. Exigiram que lhes fosse dada uma porção da mais cara linha de seda e ouro, que puseram imediatamente em suas bolsas, enquanto fingiam trabalhar nos teares vazios.
- Eu gostaria de saber como vai indo o trabalho dos tecelões, pensou o rei. Entretanto, sentiu-se um pouco embaraçado ao pensar que quem fosse estúpido, ou não tivesse capacidade para ocupar seu posto, não seria capaz de ver o tecido. Ele não tinha propriamente dúvidas a seu respeito, mas achou melhor mandar alguém primeiro, para ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade conheciam o maravilhoso poder do tecido e cada qual estava mais ansioso para saber quão estúpido era o seu vizinho.
- Mandarei meu velho ministro observar o trabalho dos tecelões. Ele, melhor do que ninguém, poderá ver o tecido, pois é um homem inteligente e que desempenha suas funções com o máximo da perfeição, resolveu o rei.
Assim sendo, mandou o velho ministro ao quarto onde os dois embusteiros simulavam trabalhar nos teares vazios.
- "Deus nos acuda!!!" pensou o velho ministro, abrindo bem os olhos. "Não consigo ver nada!"
Não obstante, teve o cuidado de não declarar isso em voz alta. Os tecelões o convidaram para aproximar-se a fim de verificar se o tecido estava ficando bonito e apontavam para os teares. O pobre homem fixou a vista o mais que pode, mas não conseguiu ver coisa alguma.
- "Céus!, pensou ele. Será possível que eu seja um tolo? Se é assim, ninguém deverá sabê-lo e não direi a quem quer que seja que não vi o tecido."
- O senhor nada disse sobre a fazenda, queixou-se um dos tecelões.
- Oh, é muito bonita. É encantadora!! Respondeu o ministro, olhando através de seus óculos. O padrão é lindo e as cores estão muito bem combinadas. Direi ao rei que me agradou muito.
- Estamos encantados com a sua opinião, responderam os dois ao mesmo tempo e descreveram as cores e o padrão especial da fazenda. O velho ministro prestou muita atenção a tudo o que diziam, para poder reproduzi-lo diante do rei.
Os embusteiros pediram mais dinheiro, mais seda e ouro para prosseguir o trabalho. Puseram tudo em suas bolsas. Nem um fiapo foi posto nos teares, e continuaram fingindo que teciam. Algum tempo depois, o rei enviou outro fiel oficial para olhar o andamento do trabalho e saber se ficaria pronto em breve. A mesma coisa lhe aconteceu: olhou, tornou a olhar, mas só via os teares vazios.
- Não é lindo o tecido? Indagaram os tecelões, e deram-lhe as mais variadas explicações sobre o padrão e as cores.
"Eu penso que não sou um tolo, refletiu o homem. Se assim fosse, eu não estaria à altura do cargo que ocupo. Que coisa estranha!!"... Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho do tecido e, depois, disse ao rei: "É uma verdadeira maravilha!!"
Todos na cidade não falavam noutra coisa senão nessa esplendida fazenda, de modo que o rei, muito curioso, resolveu vê-la, enquanto ainda estava nos teares. Acompanhado por um grupo de cortesões, entre os quais se achavam os dois que já tinham ido ver o imaginário tecido, foi ele visitar os dois astuciosos impostores. Eles estavam trabalhando mais do que nunca, nos teares vazios.
- É magnífico! Disseram os dois altos funcionários do rei. Veja Majestade, que delicadeza de desenho! Que combinação de cores! Apontavam para os teares vazios com receio de que os outros não estivessem vendo o tecido.
O rei, que nada via, horrorizado pensou: "Serei eu um tolo e não estarei em condições de ser rei? Nada pior do que isso poderia acontecer-me!" Então, bem alto, declarou:
- Que beleza! Realmente merece minha aprovação!! Por nada neste mundo ele confessaria que não tinha visto coisa nenhuma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiram ver a fazenda, mas exclamaram a uma só voz:
- Deslumbrante!! Magnífico!!
Aconselharam eles ao rei que usasse a nova roupa, feita daquele tecido, por ocasião de um desfile, que se ia realizar daí a alguns dias. O rei concedeu a cada um dos tecelões uma condecoração de cavaleiro, para seu usada na lapela, com o título "cavaleiro tecelão". Na noite que precedeu o desfile, os embusteiros fiizeram serão. Queimaram dezesseis velas para que todos vissem o quanto estavam trabalhando, para aprontar a roupa. Fingiram tirar o tecido dos teares, cortaram a roupa no ar, com um par de tesouras enormes e coseram-na com agulhas sem linha. Afinal, disseram:
- Agora, a roupa do rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesões, veio vestir a nova roupa. Os tecelões fingiam segurar alguma coisa e diziam: "Aqui está a calça, aqui está o casaco, e aqui o manto. Estão leves como uma teia de aranha. Pode parecer a alguém que não há nada cobrindo a pessoa, mas aí é que está a beleza da fazenda".
- Sim! Concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
- Poderia Vossa Majestade tirar a roupa? propuseram os embusteiros. Assim poderíamos vestir-lhe a nova, aqui, em frente ao espelho. O rei fez-lhes a vontade e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-se no espelho e vendo sempre a mesma imagem, de seu corpo nu.
- Como lhe assentou bem o novo traje! Que lindas cores! Que bonito desenho! Diziam todos com medo de perderem seus postos se admitissem que não viam nada. O mestre de cerimônias anunciou:
- A carruagem está esperando à porta, para conduzir Sua Majestade, durante o desfile.
- Estou quase pronto, respondeu ele.
Mais uma vez, virou-se em frente ao espelho, numa atitude de quem está mesmo apreciando alguma coisa.
Os camareiros que iam segurar a cauda, inclinaram-se, como se fossem levantá-la do chão e foram caminhando, com as mãos no ar, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. O rei caminhou à frente da carruagem, durante o desfile. O povo, nas calçadas e nas janelas, não querendo passar por tolo, exclamava:
- Que linda é a nova roupa do rei! Que belo manto! Que perfeição de tecido!
Nenhuma roupa do rei obtivera antes tamanho sucesso!
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo tudo muito estranho e gritou:
- Coitado!!! Ele está completamente nu!! O rei está nu!!
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar:
- Ele está nu! Ele está nu!
O rei, ao ouvir esses comentários, ficou furioso por estar representando um papel tão ridículo! O desfile, entretanto, devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os camareiros continuaram a segurar-lhe a cauda invisível. Depois que tudo terminou, ele voltou ao palácio, de onde envergonhado, nunca mais pretendia sair. Somente depois de muito tempo, com o carinho e afeto demonstrado por seus cortesões e por todo o povo, também envergonhados por se deixarem enganar pelos falsos tecelões, e que clamavam pela volta do rei, é que ele resolveu se mostrar em breve aparições... Mas nunca mais se deixou levar pela vaidade e perdeu para sempre a mania de trocar de roupas a todo momento.
Quanto aos dois supostos tecelões, desapareceram misteriosamente, levando o dinheiro e os fios de seda e ouro. Mas, depois de algum tempo, chegou a notícia na corte, de que eles haviam tentando fazer o mesmo golpe em outro reino e haviam sido desmascarados, e agora cumpriam uma longa pena na prisão.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ecoturismo: fotos do passeio dos alunos do 9º Ano vespertino ao Lago do Caboco Morto

Fotos do passeio ao Lago do Caboco Morto, com os alunos do 9º Ano vespertino do Cema. Há também um vídeo disponível no Youtube, que mostra a origem do nome do lago:

sábado, 12 de maio de 2012

Dia de mãe virar criança



O Centro de Ensino Jansen Veloso comemorou ontem o Dia das Mães. Dessa vez, a data foi comemorada de uma maneira diferente: as mães deixaram as crianças em casa e elas próprias voltaram a ser crianças, participando de uma gincana, animada com dança, música e desfiles.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Um dia daqueles


Para Francisco, vida de criança não era nada fácil. Mas será que as pessoas entendiam isso?
Certa vez, só por estar bocejando na escola, uma colega de classe o chamou de dorminhoco e preguiçoso. Mas, por acaso, ela perguntara o que ele andara fazendo em casa? Não. Ninguém perguntou.
Como o pai estava longe, trabalhando em Macapá, ele, Francisco, era o homem da família (tinha também o seu irmãozinho de três anos, mas como Francisco costumava dizer: "isso lá é gente?"). E foi assim, com a convicção de que era um grande homem, que Francisco passou a manhã carregando tijolos, ajudando a mãe, para a reforma que fariam na casa, esperando o pai para o natal.
Morava na zona rural, em um pequeno povoado chamado Centro do Meio, na cidade de Pio XII, no Maranhão. Naquele dia, o carro que transportava os alunos da zona rural, onde moravam, para a sede do município, onde estudavam, não apareceu. Então, a maioria ficou em casa; outros, tentaram alguma carona ou foram de bicicleta.
Francisco resolveu ir de bicicleta. Podia antes ter olhado as nuvens, como fazia sua vó, mas não olhou. Pegou chuva, ficou muito ensopado, aproximou-se da escola, mas parou no meio do caminho: não tinha como estudar daquele jeito, um verdadeiro pinto molhado (e acabrunhado).
Pretendia voltar imediatamente para casa, mas encontrou alguns amigos que o convidaram para jogar bola na rua, debaixo daquela chuva. Foi. Queria jogar no ataque, mas o escalaram no gol.
Como não era o dono da bola e como estava em território estranho (não conhecia direito aqueles lados da cidade), tudo bem, foi para o gol, mas resmugando.
Tentou passar confiança para si próprio e para os outros e declarou: "aqui não passa nem mosquito assado" (era uma frase que já tinha ouvido em algum lugar).
Porém, tinha aquele menino, um pingo de gente de uns seis anos, que não deixava quieta a bicicleta de Francisco.
"Ei! Deixa essa bicicleta aí", gritou Francisco, mas o garoto parecia nem ouvir. "O diacho desse menino! Se acontece alguma coisa com a bicicleta, eu tô lascado", eram esses os pensamentos de Francisco quando levou um gol por entre as pernas e sentiu uma multidão de risadas ricocheteando sua cara. Mangavam dele pra valer!
Deixou o jogo e foi pra casa. Ao chegar lá, sua mãe já sabia que ele não tinha aparecido na escola. Francisco contou a história da chuva, pulou a parte do futebol, não falou mais nada, pois sua mãe não deixava, reclamando-se da vida, do filho que tinha e dos dias de hoje, em que os pais não podem mais bater nos filhos, onde já se viu isso?
Francisco ouviu calado. Passados alguns minutos, a mãe ordenou que ele fosse tomar banho imediatamente - e ele foi sem dar um pio, dizer o quê?
Mas, na hora da janta, a mãe já tinha esquecido tudo e o chamava para comer. Francisco levou o prato pra frente da televisão. Bem na hora do noticiário e da previsão do tempo. Para o dia seguinte não estavam previstas chuvas para o Maranhão. Francisco gritou para a mãe: "Mãe, o homem tá dizendo que amanhã não vai chover aqui não". A mãe não respondeu.
"Mas", pensou consigo Francisco, "não custa nada olhar as nuvens, antes de sair de casa" e levou a colher à boca lembrando da sabedoria de sua vó.


Pio XII, Maranhão, 18/04/2012.

Do professor Gilcênio para minha galerinha do Cema.