Selecionei
trechos da obra que ajudam (espero) a responder a pergunta: Capitu
traiu Bentinho?
José
Dias, o agregado, para D. Glória, mãe de Bentinho (CAP.
III):
— D.
Glória, a senhora persiste na idéia de meter o nosso Bentinho no
seminário? É mais que tempo, e já agora pode haver uma
dificuldade. […] Não me parece bonito que o nosso Bentinho ande
metido nos cantos com a filha do Tartaruga, e esta é a dificuldade,
porque se eles pegam de namoro, a senhora terá muito que lutar para
separá-los.
-
[…] Em segredinhos, sempre juntos. Bentinho quase não sai de lá.
A pequena é uma desmiolada; o pai faz que não vê. - Mas, Sr. José
Dias, tenho visto os pequenos brincando, e nunca vi nada que faça
desconfiar. Basta a idade; Bentinho mal tem quinze anos. Capitu fez
quatorze à semana passada; são dois criançolas. Não se esqueça
que foram criados juntos, desde aquela grande enchente, há dez anos,
em que a família Pádua perdeu tanta coisa. [...]
Bentinho,
sobre ele e Capitu, quando crianças (CAP.
XI):
Em
casa, brincava de missa, — um tanto às escondidas, porque minha
mãe dizia que missa não era coisa de brincadeira. Arranjávamos um
altar, Capitu e eu. Ela servia de sacristão, e alterávamos o
ritual, no sentido de dividirmos a hóstia entre nós; a hóstia era
sempre um doce.
Bentinho,
sobre ele e Capitu, quando adolescentes (CAP.
XIII):
Capitu
chamava-me às vezes bonito, mocetão, uma flor; outras pegava-me nas
mãos para contar-me os dedos. E comecei a recordar esses e outros
gestos e palavras, o prazer que sentia quando ela me passava a mão
pelos cabelos, dizendo que os achava lindíssimos. Eu, sem fazer o
mesmo aos dela, dizia que os dela eram muito mais lindos que os meus.
Quando
me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não,
ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras
extraordinárias, que subíamos ao Corcovado pelo ar, que dançávamos
na Lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a
fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer. Em todos esses
sonhos andávamos unidinhos. Os que eu tinha com ela não eram assim
[…].
Pádua,
pai de Capitu, sobre a filha (CAP.
XVI):
— Quem
dirá que esta pequena tem quatorze anos? Parece dezessete.
Bentinho,
falando para Capitu, que D. Glória insiste em mandá-lo ao seminário
(CAP. XIX):
[…]
Capitu queria saber que notícia era a que me afligia tanto. Quando
lhe disse o que era, fez-se cor de cera.
— Mas
eu não quero, acudi logo, não quero entrar em seminários; não
entro, é escusado teimarem comigo; não entro.
Capitu,
a princípio, não disse nada.
[…]
Enfim, tornou a si, mas tinha a cara lívida, e rompeu nestas
palavras furiosas:
— Beata!
carola! papa-missas!
Fiquei
aturdido. Capitu gostava tanto de minha mãe, e minha mãe dela, que
eu não podia entender tamanha explosão.
[…]
Quis defendê-la, mas Capitu não me deixou, continuou a chamar-lhe
beata e carola, em voz tão alta que tive medo fosse ouvida dos pais.
Nunca a vi tão irritada como então; parecia disposta a dizer tudo a
todos. Cerrava os dentes, abanava a cabeça... Eu, assustado, não
sabia que fizesse; repetia os juramentos, prometia ir naquela mesma
noite declarar em casa que, por nada neste mundo, entraria no
seminário.
[…]
confessou que certamente não era por mal que minha mãe me queria
fazer padre; era a promessa antiga, que ela, temente a Deus, não
podia deixar de cumprir. Fiquei tão satisfeito de ver que assim
espontaneamente reparava as injúrias que lhe saíram do peito, pouco
antes, que peguei da mão dela e apertei-a muito. Capitu deixou-se
ir, rindo […].
José
Dias, para Bentinho, sobre Capitu (CAP.
XXII):
[…]
A gente Pádua não é de todo má. Capitu, apesar daqueles olhos que
o Diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de
cigana oblíqua e dissimulada.
Capitu
e Bentinho depois do primeiro beijo (CAP.
XXXIV):
Ouvimos
passos no corredor; era D. Fortunata. Capitu compôs-se depressa, tão
depressa que, quando a mãe apontou à porta, ela abanava a cabeça e
ria. [...]
— Mamãe,
olhe como este senhor cabeleireiro me penteou; pediu-me para acabar o
penteado, e fez isto. Veja que tranças!
Bentinho,
recordando o beijo (CAP. XXXIV):
Corri
ao meu quarto, peguei dos livros, mas não passei à sala da lição;
sentei-me na cama, recordando o penteado e o resto. […]
— Sou
homem!
Capitu
e Bentinho juram que irão se casar um com o outro (CAP.
XLVIII):
— Ainda
que você case com outra, cumprirei o meu juramento, não casando
nunca.
— Que
eu case com outra?
— Tudo
pode ser, Bentinho. Você pode achar outra moça que lhe queira,
apaixonar-se por ela e casar. Quem sou eu para você lembrar-se de
mim nessa ocasião?
— Mas
eu também juro! Juro, Capitu, juro por Deus Nosso Senhor que só me
casarei com você. Basta isto?
— Devia
bastar, disse ela; eu não me atrevo a pedir mais. Sim, você jura...
Mas juremos por outro modo; juremos que nos havemos de casar um com
outro, haja o que houver.
Bentinho
vai para o seminário (CAP. LI):
Meses
depois fui para o seminário de São José. Se eu pudesse contar as
lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas
as vertidas desde Adão e Eva.
Bentinho
conhece Escobar no seminário (CAP.
LVII):
Chamava-se
Ezequiel de Sousa Escobar. Era um rapaz esbelto, olhos claros […].
Era
mais velho que eu três anos, filho de um advogado de Curitiba […]
Escobar
veio abrindo a alma toda, desde a porta da rua até ao fundo do
quintal. […]
Não
sei o que era a minha. Eu não era ainda casmurro […] mas como as
portas não tinham chaves nem fechaduras, bastava empurrá-las, e
Escobar empurrou-as e entrou. Cá o achei dentro, cá ficou, até
que...
Bentinho
tem uma crise de ciúmes de Capitu (CAP.
LXXIII):
Assim
se explicam a minha estada debaixo da janela de Capitu e a passagem
de um cavaleiro, um dandi, como então dizíamos. Montava um belo
cavalo alazão, firme na sela, rédea na mão esquerda, a direita à
cinta, botas de verniz, figura e postura esbelta […].
Ora,
o dandi do cavalo baio não passou como os outros […]. O cavaleiro
não se contentou de ir andando, mas voltou a cabeça para o nosso
lado, o lado de Capitu, e olhou para Capitu, e Capitu para ele; o
cavalo andava, a cabeça do homem deixava-se ir voltando para trás.
Tal foi o segundo dente de ciúme que me mordeu. Vão lá raciocinar
com um coração de brasa, como era o meu! Nem disse nada a Capitu;
saí da rua à pressa [...].
Depois
de sair do seminário, Bentinho se
forma em Direito (passam-se cinco anos) (CAP.
XCVIII):
Passei
os dezoito anos, os dezenove, os vinte, os vinte e um; aos vinte e
dois era bacharel em Direito.
Tudo
mudara em volta de mim. Minha mãe resolvera-se a envelhecer […].
Escobar
começava a negociar em café […].
Ele
casou, — adivinha com quem, — casou com a boa Sancha, a amiga de
Capitu, quase irmã dela, tanto que alguma vez, escrevendo-me,
chamava a esta a "sua cunhadinha".
O
casamento de Bentinho e Capitu (CAP.
CI):
[…]
Casemo-nos. Foi em 1865, uma tarde de março, por sinal que chovia.
Quando chegamos ao alto da Tijuca, onde era o nosso ninho de noivos,
o céu recolheu a chuva e acendeu as estrelas […].
Bentinho
sobre o casal Sancha e Escobar (CAP.
CIV):
Sancha
e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola, Escobar e
eu a do seminário.
Escobar
e a mulher viviam felizes; tinham uma filhinha. Em tempo ouvi falar
de uma aventura do marido, […] não sei que atriz ou bailarina, mas
se foi certo, não deu escândalo.
Bentinho
fala a Escobar sobre querer ser pai
(CAP. CIV):
Como
eu um dia dissesse a Escobar que lastimava não ter um filho,
replicou-me:
— Homem,
deixa lá. Deus os dará quando quiser, e se não der nenhum é que
os quer para si, e melhor será que fiquem no Céu.
— Uma
criança, um filho é o complemento natural da vida.
— Virá,
se for necessário.
Não
vinha. Capitu pedia-o em suas orações, eu mais de uma vez dava por
mim a rezar e a pedi-lo.
Bentinho
sobre Capitu, depois do casamento (CAP.
CV):
Embora
gostasse de jóias, como as outras moças, não queria que eu lhe
comprasse muitas nem caras. […]
De
dançar gostava, e enfeitava-se com amor quando ia a um baile; os
braços é que… Eram os mais belos da noite. [...]. Quando vi que
os homens não se fartavam de olhar para eles, de os buscar, quase de
os pedir, e que roçavam por eles as mangas pretas, fiquei vexado e
aborrecido. Ao terceiro [baile] não fui, e aqui tive o apoio de
Escobar […].
— Sanchinha
também não vai, ou irá de mangas compridas.
O
nascimento de Ezequiel, filho de
Bentinho e Capitu (CAP. CVIII):
A
minha alegria quando ele nasceu, não sei dizê-la; nunca a tive
igual, nem creio que a possa haver idêntica […].
As
horas de maior encanto e mistério eram as de amamentação.
Bentinho
descobre no menino Ezequiel o hábito
de imitar as pessoas (CAP. CXII):
-
[…] Eu só lhe descubro um defeitozinho, gosta de imitar os outros.
— Imitar
como?
— Imitar
os gestos, os modos, as atitudes; imita prima Justina, imita José
Dias; já lhe achei até um jeito dos pés de Escobar e dos olhos...
Bentinho
fala sobre seu ciúme (CAP.
CXIII):
Cheguei
a ter ciúmes de tudo e de todos. Um vizinho, um par de valsa,
qualquer homem, moço ou maduro, me enchia de terror ou desconfiança.
[…]
Capitu era tudo e mais que tudo; não vivia nem trabalhava que não
fosse pensando nela.
Bentinho
vai sozinho ao teatro, pois Capitu
estava doente. Volta para casa antes da peça terminar e encontra
Escobar chegando à sua casa (CAP.
CXIII):
[…]
Saí, mas voltei no fim do primeiro ato. Encontrei Escobar à porta
do corredor.
— Vinha
falar-te, disse-me ele.
Bentinho
comenta sobre a frieza de D. Glória
com Capitu e Ezequiel (CAP. CXV):
Disse-lhe
que começava a achar minha mãe um tanto fria e arredia com ela. […]
— Já
disse a você o que é; coisas de sogra. Mamãezinha tem ciúmes de
você […].
— Mas
eu tenho notado que já é fria também com Ezequiel. Quando ele vai
comigo, mamãe não lhe faz as mesmas graças.
José
Dias revela que D. Glória elogia Capitu (CAP.
CXVI):
[…]
quando D. Glória elogia a sua nora e comadre...
— Então,
mamãe?...
— Perfeitamente!
— Mas,
por que é que não nos visita há tanto tempo?
— Creio
que tem andado mais achacada dos seus reumatismos […].
Capitu
não gosta de José Dias referir-se
a Ezequiel com a expressão bíblica “filho do homem” (CAP.
CXVI):
-
[…] "Dize-me, filho do homem, onde estão os teus brinquedos?"
"Queres comer doce, filho do homem?
— Que
filho do homem é esse? perguntou-lhe Capitu agastada.
— São
os modos de dizer da Bíblia.
— Pois
eu não gosto deles, replicou ela com aspereza.
José
Dias pede que Ezequiel o imite, mostrando como ele, José Dias, anda.
Capitu não gosta desse costume revelado pelo filho (CAP.
CXVI):
Meu
anjo, como é que eu ando na rua?
— Não,
atalhou Capitu; já lhe vou tirando esse costume de imitar os outros.
— Mas
tem muita graça; […]
Outro
dia chegou a fazer um gesto de D. Glória, tão bem que ela lhe deu
um beijo em paga. Vamos, como é que eu ando?
— Não,
Ezequiel, disse eu, mamãe não quer.
Bentinho
relata Ezequiel imitando Escobar
(CAP. CXVI):
Eu
mesmo achava feio tal sestro. Alguns dos gestos já lhe iam ficando
mais repetidos, como os das mãos e pés de Escobar; ultimamente, até
apanhara o modo de voltar a cabeça deste, quando falava, e o de
deixá-la cair, quando ria.
Capitu
repreende Ezequiel pela mania de
imitar as pessoas (CAP. CXVI):
Mas
o menino era travesso, como o diabo; apenas começamos a falar de
outra coisa, saltou ao meio da sala, dizendo a José Dias:
— O
senhor anda assim.
Não
podemos deixar de rir, eu mais que ninguém. A primeira pessoa que
fechou a cara, que o repreendeu e chamou a si foi Capitu.
— Não
quero isso, ouviu?
Na
casa de Escobar, Bentinho narra jogo de sedução
entre ele e Sancha, esposa de Escobar (CAP.
CXVIII):
Sancha
ergueu a cabeça e olhou para mim com tanto prazer que eu, graças às
relações dela e Capitu, não se me daria beijá-la na testa. […]
Quando
saímos, tornei a falar com os olhos à dona da casa. A mão dela
apertou muito a minha, e demorou-se mais que de costume. […] Senti
ainda os dedos de Sancha entre os meus, apertando uns aos outros. Foi
um instante de vertigem e de pecado.
Ainda
na mesma visita, Bentinho revela
inveja dos braços de Escobar (CAP.
CXVIII):
Apalpei-lhe
os braços, como se fossem os de Sancha. Custa-me esta confissão,
mas não posso suprimi-la; era jarretar a verdade. Não só os
apalpei com essa ideia, mas ainda senti outra coisa; achei-os mais
grossos e fortes que os meus, e tive-lhes inveja […].
Escobar
morre afogado (CAP. CXXI):
[…]
Ouvi passos precipitados na escada, a campainha soou, soaram palmas,
[…] acudiram todos, acudi eu mesmo. Era um escravo da casa de
Sancha que me chamava:
— Para
ir lá... sinhô nadando, sinhô morrendo.
[…]
Escobar meteu-se a nadar, como usava fazer, arriscou-se um pouco mais
fora que de costume, apesar do mar bravio, foi enrolado e morreu. As
canoas que acudiram mal puderam trazer-lhe o cadáver.
Bentinho
sente ciúmes da forma como Capitu
olha para Escobar no caixão (CAP.
CXXIII):
[…]
Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão
apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas
poucas e caladas…
As
minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as
depressa […].
Momento
houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva,
sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga
do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
Bentinho
ressalta ser cada vez mais evidente a
semelhança física entre Ezequiel e Escobar (CAP.
CXXXII):
Nem
só os olhos, mas as restantes feições, a cara, o corpo, a pessoa
inteira, iam-se apurando com o tempo.
Escobar
vinha assim surgindo da sepultura […] para se sentar comigo à
mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou
pedir-me à noite a bênção do costume.
Quando
nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu
jurava matá-los […].
Bentinho
vai ao teatro assistir Otelo, peça
de Shakespeare cujo tema é o ciúme (CAP.
CXXXV):
De
noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não
vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a
coincidência. Vi as grandes raivas do mouro, por causa de um lenço,
— um simples lenço!— e aqui dou matéria à meditação dos
psicólogos deste e de outros continentes, pois não me pude furtar à
observação de que um lenço bastou a acender os ciúmes de Otelo e
compor a mais sublime tragédia deste mundo.
Bentinho
tenta o suicídio, quando chega
Ezequiel (CAP. CXXXVI):
O
meu plano foi esperar o café, dissolver nele a droga e ingeri-la.
[…] O copeiro trouxe o café. […] A mão tremeu-me ao abrir o
papel em que trazia a droga embrulhada. Ainda assim tive ânimo de
despejar a substância na xícara, e comecei a mexer o café […].
Bentinho
quase envenena o pequeno Ezequiel (CAP.
CXXXVII):
Inclinei-me
e perguntei a Ezequiel se já tomara café.
— Já,
papai; vou à missa com mamãe.
— Toma
outra xícara, meia xícara só.
— E
papai?
— Eu
mando vir mais; anda, bebe!
Ezequiel
abriu a boca.
Mas
não sei que senti que me fez recuar. Pus a xícara em cima da mesa,
e dei por mim a beijar doidamente a cabeça do menino.
— Papai!
papai! exclamava Ezequiel.
— Não,
não, eu não sou teu pai!
Bentinho
diz a Capitu que Ezequiel não é
seu filho (CAP. CXXXVIII):
Capitu
recompôs-se; disse ao filho que se fosse embora, e pediu-me que lhe
explicasse… […] Sem lhe contar o episódio do café, repeti-lhe
as palavras do final do capítulo.
— O
quê? perguntou ela como se ouvira mal.
— Que
não é meu filho.
Que
é que lhe deu agora tal convicção? Ande, Bentinho, fale! fale!
Despeça-me daqui, mas diga tudo primeiro.
— Há
coisas que se não dizem.
— Que
se não dizem só metade; mas já que disse metade, diga tudo.
Pedi-lhe
ainda uma vez que não teimasse.
— Não,
Bentinho, ou conte o resto, para que eu me defenda, se você acha que
tenho defesa, ou peço-lhe desde já a nossa separação: não posso
mais!
Não
disse tudo; mas pude aludir aos amores de Escobar sem proferir-lhe o
nome.
— Pois
até os defuntos! Nem os mortos escapam aos seus ciúmes!
Já
rapaz e de luto pela morte de Capitu, Ezequiel volta ao Brasil para
visitar o pai. Bentinho o acha parecidíssimo com Escobar (CAP.
CXLV):
Ao
entrar na sala, dei com um rapaz, […] era nem mais nem menos o meu
antigo e jovem companheiro do seminário de São José, um pouco mais
baixo, menos cheio de corpo e [...] o mesmo rosto do meu amigo. […]
Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar.
Contou-me
a vida na Europa, os estudos […]. Não havendo remédio senão
ficar com ele, fiz-me pai deveras. […] Ao cabo de seis meses,
Ezequiel falou-me em uma viagem à Grécia, ao Egito, e à Palestina,
viagem científica […].
A
morte de Ezequiel (CAP. CXLVI):
Onze
meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifóide, e foi enterrado
nas imediações de Jerusalém, onde os dois amigos da universidade
lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta
Ezequiel, em grego: "Tu eras perfeito nos teus caminhos”
[...].
Bentinho
reafirma, no último capítulo, a
convicção de que foi traído (CAP.
CXLVII):
[…]
Uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a
saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão
extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que
acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!